domingo, 7 de dezembro de 2008

Um brinde à primeira vez

“Vinho, mas só em ocasiões especiais.” Quando ela mostrou a garrafa eu sorri, era um momento especial. Um brinde à primeira vez, porque algo em mim dizia que não seria a última. Um beijo para provar aqueles lábios doces e aquela adolescente sensação de não saber o que fazer com as mãos, já que o único desejo era o de tomá-la. E foi o que fiz, foi o que fizemos. Devagarzinho, porque apesar da sede, não havia pressa. Porque só uma mulher sabe o prazer que é ser deliciosa e lentamente seduzida. Porque não era novidade, mas era a primeira vez. Porque o desejo de guardar a melhor lembrança daquele primeiro encontro, era maior que o arrebatamento das nossas vontades. Porque aqueles olhos iluminavam a penumbra do quarto, e o tato era cada vez mais aguçado pela curiosidade e o desejo. E então, cada peça despida era um presente, cada sensação do toque era uma dádiva, mas nada se compara ao prazer de percebê-la encharcada só com estas doces carícias. Foi instinto, imediato, também melei. E provei. Provamos. Nos beijamos, nos bebemos, nos comemos, porque a minha sede era dela e a sede dela de mim. Porque nunca as horas passaram tão rápido, porque os gemidos nunca foram tão intensos, porque a vontade nunca foi tanta e o prazer nunca foi tão explícito e sem vergonha. E quando lembro melo, sorrio, contraio, estremeço e gozo. “À primeira vez!”, foi o brinde. Memorável, inesquecível."

B. em seu blog "A vida Secreta"
http://www.avidasecreta.com/um-brinde-a-primeira-vez/

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Teimosia

A menina caminha de um lado para o outro. O olhar sério, a cara amarrada. Inquieta, repetindo mentalmente cada frase, sem falar nada. Assim passa dez longos minutos. Os dez mais longos minutos. E só depois disso, fala com ares de decidida:

_ Quero escrever sobre sexo!
_ Ora, você é uma menina! O que sabe sobre sexo?
_ Nada! Mas por isso mesmo...
_ Por isso mesmo você deveria se preservar!

A menina respira fundo. Conta até três. Conta até dez. Conta até vinte e dispara:

_ Você acha que tem alguma coisa de errado com o sexo?
_ Não. Eu acho que tem com o modo como as pessoas encaram uma menina que pensa em sexo.
_ Você acha que é vergonhoso uma menina pensar em sexo?
_ Acho que pode se transformar num fardo difícil de carregar.
_Você acha que eu seria mal interpretada?
_ Acho.

A menina senta e segura o próprio rosto com as duas mãos, os braços apoiados na mesa e o olhar parado, prestando atenção numa migalha de pão minúscula. Mais um instante e ela levanta novamente os olhos, firmes:

_ Mas eu quero!