terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dicionário: Abandono

Música triste tocada milhões de vezes seguidas; rejeição; orgulho ferido; sucessivas tentativas de contato sem resposta; prisão de vidro que não deixa ninguém sair, mas expõe qualquer um ao ridículo da tentativa; esperar um sms um dia e uma noite inteira; insônia; confundir o som do eco com uma resposta; aceitar pedidos de desculpas como quem aceita um anestésico; tristeza profunda; ignorar; grande e definitivo buraco no coração que precisa de 15 remendos para estancar o sangue; perceber que quando você pediu para não soltarem de sua mão, já não tinha ninguém mais lá; declarações de amor dissolvidas nos pensamentos egoístas de alguém que deixou de se importar.

2 comentários:

neto disse...

Perguntas pelas palavras de amor.

E por que as feridas são rasgadas em pedra e os sorrisos perdidos em brumas? Por que tem que ser assim?
Se a história se faz por registro, onde fica a vida que se vive aqui?

Se o que se ganha e nos alimenta os sonhos não vale a certeza das palavras, tampouco as inspira, fica se gravado a pouca nobre inspiração da tristeza.

Mas é mesmo possível que esta nos inspire e nos mova mais do que o amor?

O que é o contraponto que não se enxerga em certezas escritas? Como pode importar o que não se registra, não se marca , não inspira , não permanece em nossa história?

Vale a ode ao que se destrói?

Edu Baggio disse...

O texto revela que já sofremos da mesma angústia. A espera pelo sms utópico. Dói. E seguir é difícil, mas possível.

Eu não teria a mesma competência pra chorar meu abandono. Mas foi importante compreender que quando a mão se afastou, já não tocava há muito tempo.

Os dois erraram. Um foi covarde. O outro, tolo. Empate.