A menina caminha de um lado para o outro. O olhar sério, a cara amarrada. Inquieta, repetindo mentalmente cada frase, sem falar nada. Assim passa dez longos minutos. Os dez mais longos minutos. E só depois disso, fala com ares de decidida:
_ Quero escrever sobre sexo!
_ Ora, você é uma menina! O que sabe sobre sexo?
_ Nada! Mas por isso mesmo...
_ Por isso mesmo você deveria se preservar!
A menina respira fundo. Conta até três. Conta até dez. Conta até vinte e dispara:
_ Você acha que tem alguma coisa de errado com o sexo?
_ Não. Eu acho que tem com o modo como as pessoas encaram uma menina que pensa em sexo.
_ Você acha que é vergonhoso uma menina pensar em sexo?
_ Acho que pode se transformar num fardo difícil de carregar.
_Você acha que eu seria mal interpretada?
_ Acho.
A menina senta e segura o próprio rosto com as duas mãos, os braços apoiados na mesa e o olhar parado, prestando atenção numa migalha de pão minúscula. Mais um instante e ela levanta novamente os olhos, firmes:
_ Mas eu quero!
2 comentários:
"Não me entregue o que é bonito se já lhe dei as minhas vísceras."
Nunca li algo que encaixava tão bem numa situação que vivi, desesperadora =/.
Se me permite, um dia gostaria de transcrever alguns dos seus trechos no meu blog, eles dizem muito.
;**
teimosa!rs
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